sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Cálice e Patena: Pão e Vinho pela fé


Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos discípulos, dizendo: "Tomem; isto é o meu corpo".

Em seguida tomou o cálice, deu graças, ofereceu-o aos discípulos, e todos beberam.
E lhes disse: "Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos.




 Existe pelo menos três tradições interpretativas com relação a última ceia celebrada por Jesus.
Salvo a tradição batista que interpreta a eucaristia como uma lembrança ou memorial as outras duas concordam que existe uma transformação dos elementos pão e vinho em carne e sangue!
A tradição católica romana denomina esta interpretação por transubstanciação. Ela é bem radical. Segundo esta interpretação existe uma transformação literal do pão e do vinho em carne e sangue.  Vem provavelmente daí o mito que nos conta os mais antigos que se mordemos a hóstia sentiremos o gosto de carne ou de sangue.

A outra tradição, que é a reformada, entende que existe uma transformação nos elementos da eucaristia, porém que esta transformação acontece mediante a fé. isto é pão segue sendo pão e vinho segue sendo vinho, porém pela fé o participante experimenta a graça divina ao participar efetivamente do corpo  moído por nossas transgressões e o sangue derramado pelos nossos pecados. Pela fé o pão se torna corpo pela fé o vinho se torna sangue. Desta forma ao participarmos do sacramento da eucaristia confessamos nossa fé e recebemos graça de Deus para nossa caminhada.

Galho de Angico Preto com  20 cm diâmetro
Eu sou protestante.  Acredito que a fé nos possibilita ver coisas que existem, mas estão encobertas. Esta prova me é exposta a cada vez que me deparo com um novo projeto na minha pequena oficina. Desta vez foi o pedido de um amigo, um pastor presbiteriano, para fazer um conjunto de cálice e patena para ser usado na celebração da eucaristia.


Madeira limpa  e cordada no tamanho do cálice
Ao trabalhar a madeira fiquei meditando na fé e pelos olhos desta fé acreditei que do feio e desprezado poderia sair algo belo. é interessante fazer notar que quando começamos a trabalhar com a madeira temos um leve deslumbre do que pode chegar a ser a peça.  Pois temos o conhecimento das caraterísticas da madeira e temos (pelo menos em mente) um desenho arquitetônico da peça a ser produzia. Assim é a questão do sacramento. Temos o conceito teológico, mas só conseguimos vivenciar esta realidade quando tomamos do vinho e provamos do pão. Experimentamos pela fé.
Ao escolher um pedaço de tronco (um galho na verdade) que estava jogado em meio aos restos de madeira do lado de fora da oficina, tomando por uns 3 anos sol e chuva eu tnha a ideia de que ele, por suas características tem um belo desenho em seu cerne! Mas jamais imaginei que seria aquilo em que se transformou.
Pela fé houve transformação!

retirando o brancal da madeira para chegar ao cerne.
começando a dar forma no cálice 


cálice com cera de abelha como acabamento