Caixotes de Feira transformados em Artesanato
Esta semana minha esposa necessitou de mais um trabalho da
pequena oficina.
Ela tinha duas festas a fazer com o tema Cocoricó, e
necessitava de algo para ser o centro da mesa do aniversário e que por sua vez
seria a lembrança da festa do aniversariante para os convidados. Necessitava
ser algo rústico que remetesse a fazenda ou celeiro e que fosse barato.
Decidimos em fazer uma carriolinha, que seria adornada com
um pano xadrez e enchida de doces como pé de moleque, doce de abóbora, sache de doce de leite, paçoquinha e estas
coisas.
O primeiro desafio era conseguir um material que fosse
barato para fazer as lembranças, então
decidimos por um material que tivesse custo zero.
Este foi o material escolhido:
Caixotes de tomate, cenoura que são usados na feira e
descartados como lixo. Assim eu sigo com o meu lema bíblico de “recuperar o que
se havia perdido” e acreditar na restauração do que foi desprezado. Assim saímos
buscando caixotes de feira, afinal foram
quase 60 carriolinhas.
O primeiro passo é desmontar estes caixotes que apesar de
parecer simples necessita de certo cuidado, pois as tabuas são finas e não
muito resistentes, os grampos são grandes e colocados com maquinas pneumáticas acabam
penetrando na madeira de forma bastante resistente, além que de a resina que o
pinus tem ajuda a “grudar” o grampo na madeira.
Lembra-me quando eu trabalhava com recuperação de mendigos, algumas
coisas eram tão profundas e arraigadas neles que dificultava qualquer tentativa
de limpeza sem causar certo dano, seja físico ou na alma.
O caminho é paciência, saber que algumas vão se quebrar,
martelo leve e um fino pé de cabra, como visto na foto acima.
A parte lateral dos caixotes são mais grossas, e com elas eu
fiz a estrutura da peça, ou os manetes onde se segura a carriola:
O processo foi este:
1.
Cortar os pedaços que ficaram com quase 2x2 cm
2.
Cortar a ponta que formaria o ângulo para colar
a roda que depois formaria um V.
Para isso eu fiz um gabarito rápido na serra de meia
esquadria:
Aqui estão cortadinhos:
Mas eles quadrados ficaram meio grosseiros por isso resolvi
arredondar o final da peça para dar um aspecto de cabo aonde ficaria
supostamente a mão.
Para isso usei a
tupia de mesa com uma fresa, um topo para delimitar até onde queria que
chegasse o corte e passei a peça pelos 4 lados arredondando assim uma parte.
Assim ficaram prontos os “cabos” da carriolinha. O próximo passo
foram as rodas:
Para isso usei as tabuas laterais, escolhi as mais grossas,
cortei quadrados na medida que eu queria, creio que foi 9x9, furei no centro e
com a tico-tico de bancada cortei as 60 rodinhas. Quebrei umas 4 serrinhas, tenho eu aprender a
trabalhar melhor com esta maquina, mas como disse o apóstolo “aprendi a estar
contente em todas as situações”... he he
he .
Aqui a roda da carriola:
Agora foi só montar as partes para ter o “chassi” da peça:
Reparem que no chassi tenho
os furos que serão o local para encaixar os pés da carriolinha. Como na
minha cidade não se encontra cavilhas para comprar o negocio foi fazer as
minhas:
Da parte mais grossa dos caixotes cortei tiras de 1,25 x1,25
cm, furei uma chapa de ferro com uma broca de 1 cm de diâmetro e pancada com martelo de madeira:
O próximo passo foram as caçambas:
Cortei elas com 15 cms assim elas ficaram com
aproximadamente 15 x 15 cm. Uma das partes eu cortei em ângulo de 15 graus para
dar um efeito de caçamba mesmo e não um quadrado. E o fundo, também cortei das
madeiras dos caixotes.
Como as madeiras são muito irregulares na espessura os
fundos têm que ser marcados e cortados um por um, pois não são todos do mesmo
tamanho.
Eis as caçambas:
Depois de montadas, levo para a lixadeira para dar o
acabamento e ficar certinho. Por primeira vez usei cola de ciano ao invés de
cola branca, gostei da rapidez do trabalho, mas acho que a “pega” no é a mesma
em material poroso.
E por fim, as carriolinhas prontas:
E assim mais uma vez o que estava destinado ao desprezo e
lixo se tornou algo útil e agradável aos olhos. Algo novo pode surgir de onde
já não tem esperança.