quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Carriolinhas

Caixotes de Feira transformados em Artesanato

Esta semana minha esposa necessitou de mais um trabalho da pequena oficina.
Ela tinha duas festas a fazer com o tema Cocoricó, e necessitava de algo para ser o centro da mesa do aniversário e que por sua vez seria a lembrança da festa do aniversariante para os convidados. Necessitava ser algo rústico que remetesse a fazenda ou celeiro e que fosse barato.
Decidimos em fazer uma carriolinha, que seria adornada com um pano xadrez e enchida de doces como pé de moleque, doce de abóbora,  sache de doce de leite, paçoquinha e estas coisas.

O primeiro desafio era conseguir um material que fosse barato para fazer as lembranças,  então decidimos por um material que tivesse custo zero.
Este foi o material escolhido:

Caixotes de tomate, cenoura que são usados na feira e descartados como lixo. Assim eu sigo com o meu lema bíblico de “recuperar o que se havia perdido” e acreditar na restauração do que foi desprezado. Assim saímos buscando caixotes de feira, afinal  foram quase 60 carriolinhas.

O primeiro passo é desmontar estes caixotes que apesar de parecer simples necessita de certo cuidado, pois as tabuas são finas e não muito resistentes, os grampos são grandes e colocados com maquinas pneumáticas acabam penetrando na madeira de forma bastante resistente, além que de a resina que o pinus tem ajuda a “grudar” o grampo na madeira.  Lembra-me quando eu trabalhava com recuperação de mendigos, algumas coisas eram tão profundas e arraigadas neles que dificultava qualquer tentativa de limpeza sem causar certo dano, seja físico ou na alma.

O caminho é paciência, saber que algumas vão se quebrar, martelo leve e um fino pé de cabra, como visto na foto acima.
A parte lateral dos caixotes são mais grossas, e com elas eu fiz a estrutura da peça, ou os manetes onde se segura a carriola:
O processo foi este:
1.       Cortar os pedaços que ficaram com quase 2x2 cm


2.       Cortar a ponta que formaria o ângulo para colar a roda que depois formaria um V.

Para isso eu fiz um gabarito rápido na serra de meia esquadria:

Aqui estão cortadinhos:

Mas eles quadrados ficaram meio grosseiros por isso resolvi arredondar o final da peça para dar um aspecto de cabo aonde ficaria supostamente a mão.
Para isso usei  a tupia de mesa com uma fresa, um topo para delimitar até onde queria que chegasse o corte e passei a peça pelos 4 lados arredondando assim uma parte.

Assim ficaram prontos os “cabos” da carriolinha. O próximo passo foram as rodas:
Para isso usei as tabuas laterais, escolhi as mais grossas, cortei quadrados na medida que eu queria, creio que foi 9x9, furei no centro e com a tico-tico de bancada cortei as 60 rodinhas. Quebrei  umas 4 serrinhas, tenho eu aprender a trabalhar melhor com esta maquina, mas como disse o apóstolo “aprendi a estar contente em todas as situações”... he he  he .
Aqui a roda da carriola:

Agora foi só montar as partes para ter o “chassi” da peça:

Reparem que no chassi tenho  os furos que serão o local para encaixar os pés da carriolinha. Como na minha cidade não se encontra cavilhas para comprar o negocio foi fazer as minhas:
Da parte mais grossa dos caixotes cortei tiras de 1,25 x1,25 cm, furei uma chapa de ferro com uma broca de 1 cm de diâmetro e  pancada com martelo de madeira:

O próximo passo foram as caçambas:
Cortei elas com 15 cms assim elas ficaram com aproximadamente 15 x 15 cm. Uma das partes eu cortei em ângulo de 15 graus para dar um efeito de caçamba mesmo e não um quadrado. E o fundo, também cortei das madeiras dos caixotes.
Como as madeiras são muito irregulares na espessura os fundos têm que ser marcados e cortados um por um, pois não são todos do mesmo tamanho.
Eis as caçambas:



Depois de montadas, levo para a lixadeira para dar o acabamento e ficar certinho. Por primeira vez usei cola de ciano ao invés de cola branca, gostei da rapidez do trabalho, mas acho que a “pega” no é a mesma em material poroso.
E por fim, as carriolinhas prontas:




E assim mais uma vez o que estava destinado ao desprezo e lixo se tornou algo útil e agradável aos olhos. Algo novo pode surgir de onde já não tem esperança. 

domingo, 16 de setembro de 2012

Mesa em Ypê, Angico Preto e Seringueira


Este mês meu pai faz aniversário, amanha vai ter uma festina no rancho de pesca que ele acabou de construir. Ele me disse que necessitava de uma mesa de 1,50 x0,47 cm.
Como estou sem grana para presente... Advinham... rs.
Aqui algumas fotos do processo, lembrando que gosto de trabalhar sempre com coisas reaproveitadas, e esta mesa foi exatamente assim.
As fotos nao estão muito boas... mas vamos lá.
Esta madeira é de uma porta de YpÊ que foi encontrada em uma caçamba de construção. desmontei a porta, rasqueteei toda a tinta velha, tinha umas 5 cores pelo menos, até que cheguei na madeira, ai foi lixa para dar um acabamento..


Uma vez limpa, e lixada voltei a unir as partes da antiga porta para formar o tampo da mesa. Necessito de mais grampos, sargentos... mas funcionou bem, as tábuas tinham encaixes macho e femea.


Apesar da foto estar horrível.. rs. Esta é uma tabua de angico preto, uma de minhas madeiras preferidas. É bem provável ue esta tábua tenha uns 70 anos de idade. Era de um antigo campo de bocha que foi demolido e que comprei 4 delas por 20 reais, meu pai ja a tinha usado para contrução por isso estava suja de cimento.
A tabua que tinha 20 cms foi ripada em duas, ficando com 9,5 cms de cada lado, e serviram para as laterais da mesa. madeira muito dura e muito bonita... trabalhei com raspador, lixadeira angular e depois lixadeira orbital nelas.

Estes são os pés, o outro deve estar perdido na oficina.... rs. São de seringueira. tinha estes pés de um trabalho que comecei mas não havia gostado da aparência, como não tinha outra opção foram eles mesmos... Esta madeira ia ser queimada, então esquadrejei e fiz os detalhes na tupia, mas depois os abandonei, vindo a usar somente agora.


uma previa de como ficaria, ainda faltava recortar certo o tampo e dar acabamentos, bem como prender o tampo...

Aqui o tampo recortado, preso, e começando a dar a cera de carnaúba com tingidor de imbuia..



Por fim a mesa...